Mimetismo
Ao olhar o vidro suado Pelo vapor do banho da "tristeza" Vi uma figura de ar desconfiado... Um perfeito coração a escorrer beleza! Mergulhei no seu mundo a observar Como vazava seu lindo conteúdo E porque se desmanchava em choro, sem falar. - De onde veio este pobre coitado?- E tentando sempre me aproximar, Perguntei se era um coração magoado. E ele, numa estrondosa gargalhada: -nem coração, nem magoado, nem coitado! Eu saí da sua mente maltratada Que derrama como eu, só que pobreza... Não sabe viver, nem melhorar a vida. O meu nome é "Devaneio", querida! - E, parecendo entender meu sofrimento, Disse: - posso abrir esta nuvem de tristeza E num instante tirar você daí de dentro.- E as gotas se movendo fizeram uma risada De um gato a pensar em sua presa. Pardo como os de todas as noites, isso eu sei! Se tinha olhos verdes... não discutirei. Agora, inteiro e com passadas malandras, Espreguiçando, me fez imaginar que dormia Estatelado nas cadeiras das varandas De velhas casas onde também comia E caía no mundo novamente A mexer com o pensar da gente. Voltei a mim sentada no banco do banheiro Que loucura, que sustos, que medo! Talvez tenha ficado um dia inteiro. Chorei ao sentir fraquezas e lembrar segredos. Agora, o "Devaneio" mudou tudo; eu já sorria E o banho que acabava era o da "alegria" Que eu ajudei a secar e agasalhar; Mas ainda via o pobre gato a se desmanchar, Com seus dentes falhados a me fazer rir... Acenei para o "Devaneio" que se ia E agradeci emocionada ao descobrir Que ele veio me tirar da letargia. Pássaro Feliz
Enviado por Pássaro Feliz em 05/03/2007
Alterado em 30/06/2009 Copyright © 2007. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |